Sou filha do 25 de Abril! Não é por acaso que resolvo criar este blog às vésperas do seu aniversário.
Como qualquer filho da geração que viveu esta data os meus pais estão separados.
Separaram-se tinha eu uns dois ou três anos. Eles viveram intensamente o flower power e a liberdade.
Tanto um como o outro viveram em comunidades e lembro-me que cada semana que passava em casa de um ou de outro conhecia mais uma ou duas pessoas que agora também lá moravam. Eram casas sempre cheias de gente e em festas permanentes.
Como havia sempre mais crianças, para mim era uma alegria chegar a casa.
Lembro-me de conhecer vários namorados da minha mãe e namoradas do meu pai que, embora nunca me fossem apresentados como tal, dormiam nos seus quartos. E tenho a noção de que muitas vezes também estavam juntos e eram amigos. Tenho agora a certeza de que entre uns e outros também iam estando os dois. Não tenho dúvidas que o amor da vida da minha mãe foi o meu pai e a paixão dele por ela foi a maior.
Eram muito novos quando se conheceram e não estavam preparados para um casamento, uma gravidez inesperada e a tropa em tempo de guerra. Tinham sido obrigados a casar porque a minha mãe era menor e o meu avô ameaçou mandar prender o meu pai. Tinham-se conhecido em Agosto e em Maio eu nascia; não é preciso ser bom a matemática para saber que “eu aconteci”. Mas, na altura, não se falava em abortos (pelo menos esta foi a versão do meu pai quando o confrontei).
Após o 25 de Abril chegou o Maio de 68 em Portugal e aconteceu o Woodstock na nossa sociedade e houve pessoas que levaram isso à letra, como foi o caso dos meus pais: a vida era um festival de hippies.