terça-feira, 2 de junho de 2009

Direitos da Criança


E a criança nasceu
E vai desabrochar como
Uma flor,
Uma árvore,
Um pássaro,
E
Uma flor,
Uma árvore,
Um pássaro
Precisam de amor - a seiva da terra, aluz do Sol.

sábado, 2 de maio de 2009

Chupa-chupa de morango


Um dia fui com a minha mãe a casa de uns amigos dela. Nunca os tinha visto nem nunca lá tinha ido. Uma semana de intervalo entre a casa da mãe e do pai tinha destas coisas: a sensação que eu tinha era que entretanto já se tinha passado muita coisa.
A casa era grande e cheia de gente. Ficámos lá bastante tempo e as pessoas começaram a ir-se embora. Como já não via a minha mãe há umas horas, fui pela casa à procura dela. Encontrei-a num quarto com um homem, era moreno, bonito e não falava o meu português. Quando entrei eles estavam nus e a minha mãe estava com a boca na pilinha dele que estava muito grande e grossa. Quando lhe perguntei o que estava a fazer tentou disfarçar, meio atrapalhada, dizendo que às vezes as pilinhas dos homens sabiam a chupa-chupa de morango. A atrapalhação dela fez-me perceber que alguma coisa estava errada, mas fiquei curiosa e respondi-lhe que, se era assim, também queria experimentar. Eles riram-se nervosamente e disseram que não era para a minha idade. Como é que uma coisa que sabe a chupa-chupa de morango não é para a minha idade?

terça-feira, 28 de abril de 2009

Na carrinha


Quando eu era pequenina era muito frequente ir um grande grupo em carrinhas para a praia à noite. Sentavamo-nos todos à volta da fogueira a cantar ou a conversar enquanto iam rodando charros e garrafas. Nós, as crianças corriamos, saltavamos e brincávamos
por ali, eramos sempre muitas.
Numa dessas viagens, tinha eu uns quatro ou cinco anos, adormeci no chão da carrinha tapadinha por uma manta. Acordei quando senti uma coisa estranha no meu pipi, só percebi o que era quando um amigo dos meus pais destapa a cabeça, olha para mim e me pergunta: “estás a gostar?” Não me lembro o que respondi, ou se repondi. Como é que se põe a língua no sítio de fazer chichi? Não tive reacção! Olhei à minha volta: a carrinha estava cheia de gente. Não me lembro se ia também o meu pai ou a minha mãe, mas um deles ia com certeza. Sendo assim, devia ser uma coisa normal...

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Filha de Abril

Sou filha do 25 de Abril! Não é por acaso que resolvo criar este blog às vésperas do seu aniversário.

Como qualquer filho da geração que viveu esta data os meus pais estão separados.
Separaram-se tinha eu uns dois ou três anos. Eles viveram intensamente o flower power e a liberdade.
Tanto um como o outro viveram em comunidades e lembro-me que cada semana que passava em casa de um ou de outro conhecia mais uma ou duas pessoas que agora também lá moravam. Eram casas sempre cheias de gente e em festas permanentes.
Como havia sempre mais crianças, para mim era uma alegria chegar a casa.
Lembro-me de conhecer vários namorados da minha mãe e namoradas do meu pai que, embora nunca me fossem apresentados como tal, dormiam nos seus quartos. E tenho a noção de que muitas vezes também estavam juntos e eram amigos. Tenho agora a certeza de que entre uns e outros também iam estando os dois. Não tenho dúvidas que o amor da vida da minha mãe foi o meu pai e a paixão dele por ela foi a maior.
Eram muito novos quando se conheceram e não estavam preparados para um casamento, uma gravidez inesperada e a tropa em tempo de guerra. Tinham sido obrigados a casar porque a minha mãe era menor e o meu avô ameaçou mandar prender o meu pai. Tinham-se conhecido em Agosto e em Maio eu nascia; não é preciso ser bom a matemática para saber que “eu aconteci”. Mas, na altura, não se falava em abortos (pelo menos esta foi a versão do meu pai quando o confrontei).
Após o 25 de Abril chegou o Maio de 68 em Portugal e aconteceu o Woodstock na nossa sociedade e houve pessoas que levaram isso à letra, como foi o caso dos meus pais: a vida era um festival de hippies.

domingo, 19 de abril de 2009

começar


Não sei por onde começar
Não percebo nada de blogs
Não tenho jeito para diários
Mas tenho de falar
Não tenho com quem e assim talvez seja seguro

Quero falar sobre o que me é mais intimo, o que passei e o que senti e ainda sinto. É a minha vida, é o que tenho para viver e é com isto que vou sobreviver e, sobretudo, vou ser feliz!